com fito e mote registrar a natureza do Rio de Janeiro como autêntica "cidade literária" -- ao mesmo tempo referenciar e reverenciar a cidade em seus 450 anos de existência.

quarta-feira, 4 de março de 2015

RIO DE JANEIRO, CIDADE LITERÁRIA

com  fito e mote registrar a natureza do Rio de Janeiro como autêntica "cidade literária" -- ao mesmo tempo referenciar e reverenciar a cidade em seus 450 anos de existência.
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excelente oportunidade para reunir escritores , por naturalidade de origem ou por identidade e afinidade literárias, inerentes e ligados ao Rio -- criados, mantidos e perpetrados com ele vínculos eletivos, e efetivos, em tema, tramas, enredos, ambiência, personagens de seus escritos ficcionais e não-ficcionais: em muitos casos leitmotiv, na cidade e com a cidade se refletindo,eles e suas obras, qual um atraente sistema - ou ‘jogo’- de espelhos.
o elenco que aqui se desdobrará não oferece dúvidas de ser, por si mesmo, significativamente representativo da literatura carioca. nem todos dos autores são nativos da cidade : muitos, muitos mesmo, vindos de outras paragens no Rio se estabeleceram, nele produziram e construíram suas respectivas obras e vidas literárias, nele se tornaram cariocas de fato e direito.
perfil, ou ‘marca registrada’, exemplar, essa da cidade do Rio de Janeiro : acolher, abrigar, adotar migrantes intelectuais de praticamente todas as paragens , que para ela vieram , nele se estabeleceram, nele inspirados, nele ambientadas,ou a ele referenciadas, conceberam, idealizaram,criaram e produziram obras ficcionais e não-ficcionais, textos em prosa e em verso, contos e novelas, crônicas e peças teatrais,ensaios e registros memorialísticos, discursos e conferências; verdadeira urbe catalisadora, centrípetra, daí geradora de pujança e riqueza culturais para todo o país (e mesmo para o mundo).
[destaca Adolfo Caminha que “praticamente todos os maiores escritores brasileiros do século XIX” (cita nominalmente “José de Alencar, Gonçalves Dias, Castro Alves, Aluisio de Azevedo, Coelho Neto, Raimundo Correia, Araripe Junior, Arthur Azevedo,- todos nortistas”) encontravam-se no Rio].
natureza própria e ‘orgânica’, vocação histórica, o Rio de Janeiro reúne, de modo bastante taxativo, a essência da “cidade letrada”, conforme a acepção desenvolvida por Angel Rama – cidade oriunda da cidade-bastião, cidade-porto, sobretudo cidade administrativa, que tem “dentro dela outra cidade, que a rege e conduz, a cidade letrada, encravada em seu âmago, compondo um anel protetor do poder e executor de seus interesses e determinantes: uma plêiade de administradores, funcionários, educadores, profissionais, escritores e múltiplos servidores intelectuais, todos que manejam a pena e as letras estritamente associados às funções do poder”.
característica que o historiador e ensaísta José Murilo de Carvalho identificou e situou parcialmente na origem “ortogenética” da cidade -- em contraposição à natureza histórica heterogenética de São Paulo -- e que veio a marcar o tipo de intelectual e modo de produção cultural gerados pelo Rio de Janeiro. a cidade ortogenética, sintetiza Carvalho, definida pela função política e administrativa, com grande peso do governo e do poder público, tem o Rio de Janeiro como paradigma; a proclamação da República teria reforçado ainda mais essa função política da então capital do país, fazendo grande parte da intelectualidade vincular-se de alguma forma à burocracia pública, em geral como funcionários do governo federal : contudo, tal fato não “introduziu necessariamente uma perspectiva governista na obra desses autores”, nem constituiu limitação à sua liberdade de criação; a quase obrigação que se impunha ao Rio de passar a imagem civilizada do país, preconizada pela República, não impediu seus intelectuais de compreender perfeitamente a realidade do país e da cidade, eliminando e extirpando possíveis contradições e bloqueios no caminho da criatividade, a cidade vindo a produzir literatura e cultura do mais elevado nível.
verdadeira cidade literária por excelência, pólo absorvente e irradiante, magnético e dinâmico, de geração e produção de manifestações, expressões, realizações, tendências literárias e culturais de todos os ciclos da literatura brasileira – do Romantismo, do Realismo e do Pré-modernismo -- sempre preponderante e prevalecente no cenário cultural brasileiro, a “cidade maravilhosa”, expressão criada por Coelho Neto em artigo de 28 novembro 1909 no jornal "A Notícia"prossegue em todos os tempos históricos a abrigar autores, naturais ou migrantes, cariocas ou radicados, produzindo literatura ímpar, eivada de alto quilate e afinada com a modernidade.
o papel da cidade na criação literária de escritores é tão incontestável, tamanha sua conotação, ou ‘força’ literária emanadas, que muitas e muitas páginas, muitos e muitos sites e portais, muitos livros, seriam necessários para registrar e reportar tamanha magnificência  do Rio de Janeiro, para a própria história literária do Brasil. 

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